Fermentelos
Nos tempos da Lusitânia na era de 950*, a aréa de Fermentelos e da Pateira seria um protectorado de Ramiro II, que doou por herança à Condessa Mumadona Dias que por sua vez, o entrega ao seu filho Gonçalves Mendes para o defender da cobiça de Ordonho II, que apesar de por laços familiares ter direito, não teve qualquer ganho... Gonçalves Mendes em seguida defender o seu protectorado dos Romanos que pretendiam usufruir do canal que passava nestas terras, para executar uma represssa, ficando as águas com um nível favorável para servir os seus interesses, mas encontraram grande resistência, como última tentativa terim construido a ponte sobre o Rio Vouga para poder supreender Gonçalves Mendes que resistiu... Neste sentido, segundo alguns autores e vestígios, admite-se que perto desta aréa teria existido a cidade de Talábriga..., e mais em evidência a cidade da Gocha, em Espinhel junto à Pateira...e no Cabeço do Outeiro, em fermentelos...
A Pateira que toma forma, torna-se um centro da burguesia para pesca e caça, cobiçada, passa a pertencer ao protectorado de Bragança que estabeleceu planos para aproveitar este recurso natural..., o que reforçou o valor da Pateira...
As primeiras referências documentais.
Entretanto, por esta altura surgem as primeiras referências documentais de Fermentelos, com o inventário das propriedades que D. Gonçalo Viegas e D. Flâmula possuiam em 1050, que vem publicado no Milenário de Aveiro- -1959*, onde surge a primeira e mais antiga referência a Faramontanellos...
..."Flamula in riba uauga.
Relativamente, a esta primeira referência documental, põe-se as questões Em 1077, passados 27 anos após o primeiro inventário dos bens de D. Gonçalo e D. Flâmula , novo inventário foi feito dos bens dos mesmos e de D. Paio Gonçalves. É o documento nº549 dos Diplomata et Charte (P.M.H) e é reproduzido integralmente no Milenário de Aveiro, onde aparece de novo Faramontanellos, situado nas margens do Cértima*.
Nas inquirições de D. Afonso II*, o Gordo, em 1220, verificou-se que o nome primitivo de Faramontanellos tinha evoluido para Foramontaelos, etimologia que assenta nas palavras foro + monte, montaria, monteiro, em referência á caça a cavalo... ..."De foramantaelas villa est tata regalenga et dant inde quartam de pane et una et de uma. vam. et moalia de estiua et de terra quam ruperint dat Viam et pra eiradiga . iij. teigas de pane tertiatum et pra espadaa almude de tritico et J. gallinam quiibet per se pra fagazis Vl. alqueires de tritica .ll. capones .X. auos et uidam maiordama. de uaca tenreira .J. caseum et mantecam et de vina in eiradiga .J. almude. et ponunt pedem de uuis tres vices. ln Ourol sunt tria casalia (de) regalengo et tenet dominicus Egee in pres-tamo et faciunt tale forum sicut de faramontaelas. ln Cacauelos sunt tria casalia de regalengo et tenet Stephanus martiniz digal. Et in orta .V. casalia et tenet stephanus martiniz. lnterrogati de hereditatibus ordinum dixerunt quod lorbano habet morta J. casale Sanctus Tirsus .J. casale Ecclesiole .J. sancta crux iiij. casalia."
Segundo esta fonte, "Foramontaelos era uma vila e toda reguenga"..., era domínio real e por isso, isenta de certos encargos e tributos como os da cavalaria, mas pagava produtos da terra como o trigo, o vinho, uma galinha, dois frangos, dez ovos, queijo, manteiga... |
Outra referência importante, foi a carta de foral que D. Manuel I *deu à vila e extinto concelho de Óis da Ribeira, em 2/6/1516, onde surge o nome de Formontelos. ...foraaes dooes eixo e de paaos dados per inquirições particulares. ..."Dom Manuel per graça de Deos Rey de Purtugal e dos Algarves daaquem e daalem mar em africa Senhor de guinee da conquista navegaçam commercio dethioopia araabia Persia e da lndía a quantos esta nossa carta de foraal dado ao concelho e terra dooes com os casaaes de espinhell e formontellos pera sempre virem fazemos saber per bem, das sentenças e determinações geraaes e especiaaes que foram dadas e feitas per noos e com as do noosso conselho e letraados aacerca dos foraaes de noossos Reynos e dos direitos Reaaes a tributos que se per elles deviam darrecadar e pagar e assim pelas inquirições que principalmente mandamos tirar e fazer em todolos logaares de noosos Reynos e Senhorios justificados primeiro com as pessoas que os ditos direitos Reaaes tinham, achamos per inquirições particulares que as rendas e direitos Reaaes se devem hy darrecadar e pagar na maneira e foorma seguinte: E per tanto mandamos que todas as causas contheudas neste foraal que noos pomos per lei se cumpra pera sem pre do theor do qual mandamos fazer trez: um delles para a camara do dito concelho; e outro pera o Senhorio dos ditos direitos; e outro pera nossa torre do tombo pera em todo o tempo se poder tirar qualquer duvida que sobre isso poosa sobrevir. Daada em noossa mui noobre e sempre leaal cidade de Lisboa aaos dous dias do mez de junho de mil e quinhen-tos e dezasseis annos...”
O constitucionalismo e a reforma profunda que a sociedade portuguesa sofreu no século passado, levaram à rejeição do antigo sistema legislativo / forais, que foram declarados extintos pelo decreto de 13 de Agosto de 1832 e pela carta de Lei de 22 de Junho de 1846, fonte do direito público dos concelhos.
Neste foral manuelino, toda a área de Formontelos era designada por Mata Real de Perrães, Paradela, e Louredo*, encontrando-se fora da coutada dos reis de Portugal e tinha por vizinhos as terras do Bispo de Coimbra e bens do Convento de Lorvão.
Actualmente, não é fácil saber-se qual a área exacta que ocupava a antiga Mata Real de Perrães, visto que o aforamento feito por D. Manuel não lhe demarca as dimensões, dizendo apenas que a Mata «era de comprido boa meia légua e de largo um tiro de besta e que se momeia por três nomes: contra o Mosteiro de Larvão se chama Mata Real de Perrães; contra o lugar de Paradela se chama; e contra Espinhel se chama de Loredo»...
Em 1672, procedeu a uma vistória o desembargador António F. Fonseca, para delimitar a largura e comprimento da Mata... «declaro que algumas medições foram feitas de barco pelos louvados, por estar a Mata apaúlada» No princípio do século passado, a casa do Atalho pertenceu a uma Senhora, à falta de varão.., casada, o marido envolvido nas lutas politicas e militares de 1822 a 1834, tomando parte por D. Miguel, levou a que a admnistração da casa fosse descorada e que os enfieutas mais rebeldes deixassem de pagar, pois após três dezenas de anos nada recebia pelas suas terras de Perrâes... Evolução do nome..Neste contexto, e com já verificamos, houve uma evolução da designação de Fermentelos ao longo dos séculos, visto que por altura das primeiras referências, havia montados que pagavam aos donatários um certo foro pela caça que colhiam, designando-se os terrenos de Foramontanos. Quando os terrenos eram pequenos ou a caça existente era pouca, chamavam-se terrenos Foramontanelos. Estes adjectivos passaram a nomes próprios, Foramontões e Foramontanelos, surgindo no documento de D. Gonçalo como local de Faramontanelos eFormontelos na carta de foral de D. Manuel I... Lenda...
Apesar, da ficção não pertencer ao campo da História, é sempre curioso e importante conhecer o lado popular da História, com a Lenda dos três irmãos que fundaram Fermentelos.
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